A crise de identidade na gestão de produtos
O foco excessivo em tendências está ofuscando o que realmente importa.
A comunidade de produto está passando por uma crise de identidade. Enquanto todos correm atrás das últimas tendências em IA, frameworks e metodologias, uma verdade incômoda emerge: muitos PMs não conseguem mais explicar o básico da própria disciplina.
É preocupante quando você pergunta pra um PM como seu produto gera receita e a resposta é vaga. Mais preocupante ainda é quando ele não sabe explicar o modelo de negócio da própria empresa. Estamos criando uma geração de profissionais que conhece todas as ferramentas, mas não entende o propósito fundamental delas.
O foco excessivo em tendências está ofuscando o que realmente importa. PMs passam horas discutindo qual prompt de IA usar ou qual novo framework adotar, mas travam quando precisam explicar como seu backlog se conecta com objetivos do negócio. A obsessão pelo "novo" está nos fazendo esquecer do "necessário".
O básico da gestão de produtos não é sexy, mas é fundamental. Entender profundamente problemas dos usuários, validar soluções, medir impacto no negócio - isso não muda com IA ou sem IA. São pilares que sustentam qualquer produto bem-sucedido.
Descoberta de problema virou "coisa batida". Validação com usuários é "muito básico". Análise de métricas de negócio é "chato". Preferimos discutir as últimas novidades em vez de fazer o trabalho fundamental que realmente gera resultado.
A comunidade precisa de um realinhamento. Não podemos deixar o brilho do novo ofuscar a importância do básico. Ferramentas, frameworks e tecnologias são importantes, mas são meios, não fins. O fim continua o mesmo: gerar impacto através das necessidades do usuário e do negócio.
PMs precisam voltar a dominar os fundamentos. Entender como a empresa ganha dinheiro, como o produto contribui pra isso, como medir esse impacto. Sem essa base, todas as ferramentas do mundo não vão ajudar a criar produtos melhores.
É hora de resgatar o propósito da gestão de produtos. Menos foco em parecer inovador, mais foco em entregar resultado. Menos discussão sobre a última tendência, mais atenção aos fundamentos que realmente fazem a diferença.
A pergunta que todo PM precisa responder não é "qual a última ferramenta que você está usando?", mas "como seu trabalho está gerando valor pro negócio?". Enquanto não voltarmos a valorizar essas questões fundamentais, continuaremos formando profissionais que conhecem todas as ferramentas, mas não sabem por que as usam.
Como podemos reequilibrar a balança entre inovação e fundamentos na gestão de produtos?
Excelente reflexão, Chiodi!
Excelente reflexão, Chiodi!
No fim do dia, tudo é número. O outcome, impacto que a funcionalidade gera e os custos que são necessários pra o seu desenvolvimento são, de fato, o que os gestores, diretores e stakeholders querem saber do PM. Vejo que caminhamos para um cenário onde é dada importância aos meios sem nem sequer avaliar o fim.