A IA como substituta de equipes
Isso não significa necessariamente a substituição de colaborações humanas.
O recente estudo "The Cybernetic Teammate" conduzido por pesquisadores de Harvard, Wharton e P&G revela como a IA generativa está redefinindo fundamentalmente a dinâmica de equipes e o compartilhamento de conhecimento nas empresas.
Através de um experimento com 776 profissionais da Procter & Gamble, os pesquisadores descobriram que a IA não é apenas uma ferramenta, mas pode funcionar como um verdadeiro colega de trabalho, alterando os pilares básicos da colaboração.
A IA como substituta de equipes
Um dos resultados mais surpreendentes do estudo foi que indivíduos trabalhando com IA conseguiram igualar o desempenho de equipes humanas sem IA. Os números são reveladores: indivíduos com IA apresentaram um aumento de 0,37 desvios-padrão na qualidade das soluções em comparação ao controle, enquanto equipes com IA mostraram uma melhoria de 0,39 desvios-padrão.
Esta descoberta sugere que a IA pode efetivamente substituir algumas funções colaborativas, fornecendo aos indivíduos acesso às diversas perspectivas e conhecimentos que tradicionalmente seriam obtidos através de colegas humanos.
Derrubando algumas barreiras
O experimento também revelou como a IA dissolve fronteiras entre áreas funcionais. Sem IA, os profissionais de P&D tendiam a propor soluções mais técnicas, enquanto profissionais comerciais se inclinavam para propostas orientadas ao mercado – um fenômeno comum nas empresas.
Com a introdução da IA, essa distinção praticamente desapareceu. Profissionais de ambas as áreas passaram a produzir soluções mais equilibradas, abrangendo tanto aspectos técnicos quanto comerciais. Mais impressionante ainda, funcionários menos familiarizados com desenvolvimento de produtos conseguiram, com ajuda da IA, alcançar níveis de desempenho comparáveis aos mais experientes.
Até benefício emocionais
Contrariando preocupações sobre a tecnologia desumanizar o ambiente de trabalho, os participantes relataram emoções mais positivas (entusiasmo, energia) e menos negativas (ansiedade, frustração) ao trabalhar com IA, comparável aos benefícios emocionais tradicionalmente associados ao trabalho em equipe humana.
Esse padrão difere drasticamente de descobertas anteriores sobre o impacto tipicamente negativo da tecnologia na dinâmica social do ambiente de trabalho, sugerindo que a natureza conversacional da IA generativa pode oferecer uma experiência mais gratificante.
☕️ vamos refletir…
Estes resultados indicam que a adoção de IA no trabalho baseado em conhecimento vai além da simples adição de outra ferramenta. As empresas precisarão repensar:
1. Tamanho e composição de equipes: Com indivíduos apoiados por IA alcançando resultados similares a equipes tradicionais, as estruturas organizacionais poderão se tornar mais enxutas e flexíveis.
2. Treinamento interdisciplinar: A capacidade da IA de preencher lacunas de conhecimento pode reduzir a necessidade de especialização profunda em áreas únicas.
3. Processos de inovação: Equipes com IA demonstraram três vezes mais chances de produzir soluções classificadas no decil superior de qualidade, sugerindo um potencial inexplorado para inovação.
…vamos continuar refletindo… ☕️
A pesquisa sugere uma mudança de paradigma: a IA está se tornando não apenas uma ferramenta, mas um "colega cibernético" que participa ativamente dos processos colaborativos.
Isso não significa necessariamente a substituição de colaborações humanas, mas aponta para uma realidade em que as fronteiras entre contribuições humanas e de máquina se tornam cada vez mais fluidas.
Para profissionais e líderes, o desafio agora é desenvolver novas habilidades de interação com IA e repensar estruturas organizacionais para capitalizar esse novo paradigma de colaboração.
✨ paper para você ler: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=5188231