Em 2024, parecia que toda landing page precisava ter “AI-powered” em letras garrafais. Só tinha um problema: o consumidor não pediu isso.
E como mostram várias pesquisas sérias feitas nos últimos dois anos, esse rótulo faz mais mal do que bem.
Entre 2023 e 2025, diferentes estudos chegaram à mesma conclusão: sair estampando “powered by AI” não melhora vendas, não aumenta a confiança dos clientes e ainda pode jogar contra.
Um estudo da Washington State University testou mais de 1.000 consumidores nos EUA. Produtos descritos como “AI-powered” tiveram uma intenção de compra menor do que versões idênticas chamadas apenas de “high-tech”.
O principal motivo?
A confiança emocional despenca quando o consumidor vê que tem "IA" envolvida, principalmente em produtos de risco como eletrônicos caros, dispositivos médicos e serviços financeiros.
Outro estudo da Irrational Labs reforçou isso: em testes com 767 usuários de tecnologia, chamar as funções de “AI-powered” não aumentou a disposição de compra nem a confiança.
Alt + Tab rápidinho: esse estudo da Irrational Labs foi usado por mim em outro texto que escrevi sobre o assunto, clique aqui para abrir uma nova aba para você ler depois.
Em alguns casos, o simples fato de citar IA derrubou a expectativa de performance do produto . É o tipo de detalhe que o marketing muitas vezes ignora, mas que faz toda a diferença na hora da decisão.
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Algumas nuances
Nem todo resultado foi negativo. Uma pesquisa recente publicada na ResearchGate trouxe uma leitura mais ambígua:
Produtos explicitamente rotulados como “AI” geraram percepções mais favoráveis em diversão e utilidade.
Só que, junto com isso, cresceram também os medos de privacidade e de falhas de funcionamento .Essa ambivalência aparece em pesquisas maiores também.
A Pew Research descobriu que 52% dos americanos se sentem mais preocupados do que empolgados com o avanço da IA .
E no relatório da Attest, a confiança em ferramentas de IA subiu timidamente de 40% para 43% em um ano — mas 43% dos consumidores ainda se dizem preocupados com privacidade e segurança .
Outro dado curioso: 89% das pessoas acima de 50 anos defendem que todo conteúdo gerado por IA deveria ser claramente rotulado.
Em outras palavras: não é pra esconder que usa IA, mas também não precisa fazer disso a manchete.
Então por que ainda vemos tanto hype?
Não é porque o consumidor pede.
É pressão interna de investidores, concorrência, ansiedade de não ficar pra trás, vontade de bater metas de SEO.
Você já viu isso: De repente até app de tomar água se apresenta como “AI-powered hydration assistant”.
A real é que o consumidor não está nem aí para o motor.
Ele quer saber se o produto resolve o que ele precisa de maneira rápida, fácil e com o mínimo de complicação.
O marketing comportamental já tinha deixado isso claro em testes de anúncios:
Quando a IA aparece como ferramenta discreta, o público responde melhor.
Quando a IA vira o centro da mensagem, a primeira reação é desconfiança.
Como resumiu um estrategista citado em uma das pesquisas:
"Eu não conto que fiz meu produto usando Photoshop. Por que eu contaria que usei IA?"
O que realmente funciona
Não é falar da tecnologia.
É mostrar o impacto direto que ela gera para o usuário.
Em vez de “AI insights”, diga “relatórios prontos em 10 segundos”.
Em vez de “gerado por IA”, diga “documento entregue em 2 minutos”.
Em vez de “impulsionado por inteligência artificial”, diga “templates prontos sem trabalho manual”.
O consumidor quer resultado.
A tecnologia é só o meio, não o argumento.
🍵 vamos refletir…
O rótulo “AI-powered” pode mais atrapalhar do que ajudar.
E talvez a pergunta que vale fazer seja outra:
O que você está entregando que realmente importa para o seu cliente?
Se for bom o suficiente, ele nem vai querer saber quem fez — se foi IA, humano ou uma dupla improvável dos dois.
Alguns estudos mencionados no texto:
Using the term 'artificial intelligence' in product descriptions reduces purchase intentions
What the data says about Americans' views of artificial intelligence