O Canva não quer competir. Ele quer engolir tudo.
O risco não é o Canva matar o Figma. É o Figma nunca virar padrão.
Uma análise estratégica sobre como a Visual Suite 2.0 transforma o Canva de uma ferramenta de design para não-designers num competidor real contra Figma, Adobe e até Google Workspace.
A jogada mais ambiciosa do Canva
O Canva nunca escondeu seu objetivo: tornar o design acessível para todos. Mas com o lançamento da Visual Suite 2.0, ele deixa claro que acessibilidade é só o começo. Agora, a empresa mira alto e joga em três mercados simultaneamente:
Ferramentas de design (onde já lidera em volume)
Suites de produtividade (onde quer desafiar Google e Microsoft)
Plataformas no-code (onde começa a dar os primeiros passos com o Canva Code)
Com mais de 230 milhões de usuários mensais e presença em 85% das empresas da Fortune 500, o Canva começa a ocupar o espaço onde design, conteúdo, dados e interatividade se encontram.
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Um ecossistema integrado (e viciante)
A Visual Suite 2.0 não é apenas uma atualização. Ela representa uma nova proposta de produto: um único ambiente para criar apresentações, vídeos, planilhas, documentos, sites, componentes interativos e visualizações de dados, tudo com IA integrada.
O objetivo não é substituir ferramentas como Figma ou Adobe Photoshop em profundidade.
É tornar essas ferramentas irrelevantes para boa parte das tarefas do dia a dia.
A lógica é simples: se você pode fazer tudo rápido o suficiente e bonito o suficiente dentro do Canva, por que sair?
O ataque coordenado aos líderes de mercado
Contra o Figma:
O Canva ainda não compete em design UI/UX de alta fidelidade, mas está capturando os usuários que o Figma ainda não chegou: profissionais de marketing, PMEs, educadores e estudantes.
O Canva Code permite protótipos simples e interativos sem programar. Pode não ser suficiente para fluxos complexos, mas já é o bastante para muitos MVPs, páginas e apresentações com interatividade.
Contra a Adobe:
A Adobe Creative Cloud continua sendo o padrão para profissionais. Mas para tarefas simples, o Canva entrega 80% do resultado com 20% do esforço — e por uma fração do custo.
O Adobe Express tenta reagir, mas está atrasado na corrida de inovação. A cada semana, o Canva lança novas features, enquanto o Express ainda parece um beta sofisticado.
Contra Google e Microsoft:
Com o Canva Sheets, Magic Charts e geração de conteúdo via IA, o Canva começa a avançar no terreno da produtividade.
Não é (ainda) um substituto para o Excel ou Google Docs. Mas já é uma alternativa melhor para quem quer comunicar dados, não apenas analisá-los.
O Canva Code é fraco, mas não precisa ser forte
Plataformas como Bubble e Lovable são muito mais potentes. Mas também são muito mais complexas.
O Canva não quer substituir essas ferramentas. Quer capturar os casos de uso simples e recorrentes:
Calculadoras de preço
Formulários interativos
Flashcards educativos
Mini-jogos para apresentações
O que o Canva Code faz é remover a fricção. Criar algo interativo vira uma questão de descrever com um prompt, não montar lógica.
Para a base de usuários do Canva, majoritariamente não técnicos, isso é o suficiente para transformar slides estáticos em experiências mais envolventes.
A estratégia é clara: “good enough” + AI + lock-in
O Canva não quer ser o melhor em tudo. Quer ser bom o bastante em tudo que você precisa para:
Produzir rápido
Compartilhar fácil
Manter tudo no mesmo lugar
E o mais importante: quanto mais você usa, mais difícil fica sair. A suíte integrada, os Brand Kits, os documentos conectados, a IA personalizada e agora o Canva Code formam um ecossistema que fideliza por conveniência.
A Adobe ainda ganha em poder. O Figma ainda vence em colaboração para design UI.
Mas o Canva está ganhando em algo mais difícil: habituação.
O risco não é o Canva matar o Figma. É o Figma nunca virar padrão.
A ameaça real para o Figma não é perder os usuários que já tem. É não conseguir capturar os próximos.
Se um novo time de produto começa prototipando no Canva… se um estudante aprende design ali… se o marketing prefere trabalhar lá…então talvez o Figma nunca tenha a chance de entrar.
E se o Canva continuar adicionando mais funcionalidades, IA, interatividade e produtividade, esse “talvez” vira “provavelmente não”.
🍵 vamos refletir…
Não subestime o que uma ferramenta “simples” pode fazer quando vira plataforma. Nem o impacto de um produto que cresce pela lateral, não por profundidade, mas por ubiquidade.
Excelente post! Eu já tive minha cota de preconceito com o Canva e hoje acho uma ferramenta fantástica. Sou designer formada e prefiro a agilidade e facilidade que o Canva me oferece a ficar criando peças para redes sociais, por exemplo, do zero em algum software mais requintado. Estou ávida para testar as ferramentas novas, tenho certeza que vai facilitar ainda mais o meu trabalho enquanto professora também!