O dilema entre burocracia ágil e anarquia total
O que começou como forma de melhorar a colaboração e entrega virou um conjunto de rituais obrigatórios.
O Paulo Silveira levantou um ponto importante sobre a evolução do ágil nas empresas. Passamos por uma fase onde Scrum Masters, depois rebatizados de agilistas, transformaram práticas que deviam ser leves em processos pesados e burocráticos.
O que começou como forma de melhorar a colaboração e entrega virou um conjunto de rituais obrigatórios. Daily standup, retrospectiva, planning - tudo virou mais uma reunião no calendário, mais um checkpoint a ser cumprido, mais uma burocracia no processo.
A reação a esse engessamento foi radical: começaram a defender que não precisamos de processo nenhum.
"Vamos só entregar software", dizem.
Como se timeboxing, alinhamento e momentos de reflexão fossem apenas perda de tempo.
Os dois extremos são problemáticos. Transformar ágil em um conjunto de regras rígidas mata justamente a agilidade que o nome sugere. Mas abandonar qualquer estrutura também prejudica a coordenação e melhoria contínua do time.
O desafio real é encontrar o equilíbrio. Uma daily pode ser valiosa quando focada em remover impedimentos, não em status report. Uma retrospectiva sincera ajuda o time a melhorar, desde que não vire apenas um ritual vazio. Um planning bem feito alinha expectativas e cria entendimento compartilhado.
A questão não é ter ou não ter processos, mas garantir que cada prática agregue valor real. Times precisam de alguns momentos estruturados para colaborar e melhorar, mas esses momentos devem ser leves e focados em resultados, não em checklist de tarefas cumpridas.
O ágil não precisa ser nem burocrático nem ausente. Ele pode ser o que sempre deveria ter sido: uma forma simples e efetiva de ajudar times a entregarem melhor software.
Como você e seu time encontram esse equilíbrio entre estrutura necessária e flexibilidade?
Quer saber mais sobre o que o CEO e Cofundador da Alura falou? Ouça o episódio aqui:
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Um comentário sobre o final. Muito importante esse debate do curto X longo prazo. Tenho visto um movimento para cd vez mais buscarmos quick wins. Sinceramente isso me irrita um pouco, porque ao "vencer rápido" desconsideramos o impacto dessa mesma vitória e do tempo gasto para chegar nela na construção de fundações mais longevas, que permitem vencer por mais tempo.
Valeu demais!