O que é o framework LNO?

Uma forma surpreendentemente nova de organização para Product Managers, Product Owners e outros.

Imagino que ao ler o título dessa matéria você tenha passado por dois cenários mentais: um pode ter remetido a empolgação por ler sobre algo aparentemente novo, um framework que não consta ainda em matérias de terras tupiniquins trazendo mais detalhes sobre ele (mas que já possui excelentes artigos gringos sobre).

A outra possibilidade é que você, só de ter lido a palavra framework, automaticamente sentiu uma pequena úlcera estomacal, já que o termo virou basicamente uma buzzword quando a associamos ao universo de produto com exemplos e mais exemplos para diferentes propósitos e objetivos.

De qualquer forma, o LNO é uma forma surpreendentemente nova e rejuvenescedora de organização para Product Managers, Product Owners e outros para encarar o esforço a ser aplicado em diferentes cenários (note aqui que a palavra-chave é esforço, não valor a ser gerado).

Mas antes de nos aprofundarmos, vale ressaltar um conhecimento (já bem disseminado) descrito pelo próprio Shreyas Doshi, criador do LNO em 2020:

Utilizar o LNO ajudará a dar uma visão contextualizada e organizada sobre os temas que o mesmo trata, porém não será uma fórmula mágica para terceirizar a avaliação do esforço a ser empregado para diferentes responsabilidades por parte de quem o lê.

Outra perspectiva

Em um cenário onde 83% dos profissionais de produto já terem manifestado a síndrome do impostor em algum momento de sua carreira, duvidando de si mesmos e refletindo dessa forma em uma incapacidade de avaliar as próprias habilidades e competência, um framework que visa ajudar na dedicação e esforços para as iniciativas pode ser bastante útil.

E, como o próprio Shreyas menciona em mais de uma thread via Twitter, se todas as tarefas não são criadas da mesma forma, por que elas deveriam ser encaradas todas com o máximo esforço e atenção dos PMs, POs e outros?

A principal questão levantada ao utilizarmos o LNO é a seguinte: “Qual será o impacto do resultado desta tarefa para o meu negócio?”. A partir dela, o foco se resume em alocar o maior esforço àquelas iniciativas que tem o maior potencial de multiplicação de impacto, e menores gastos em tarefas fáceis e rápidas que poderiam exigir mais se não existisse esse sistema de priorização.

Shreyas ainda reforça que a aplicação do framework é uma forma consciente de mudar seus hábitos e se libertar das distrações que encontraria em seu local de trabalho habitual.

Uma fórmula para embasamento

A visão de Shreya gira em torno da minimização do custo de oportunidade como fator prioritário. O levantamento de indicadores como ROI, Churn e outros são importantes, mas ao ser questionado durante uma entrevista ao Lenny’s Podcast sobre o que deve-se evitar em ser priorizado e como as empresas lidam com esse tipo de indagação, Shreya reforça que uma fórmula pode definir se estamos priorizando corretamente em relação ao nosso negócio:

(Valor criado - Custo do seu tempo) / Tempo gasto (custo do seu tempo)

Por conta dela, podemos escolher coisas que são muito mais importantes e agregar muito mais valor ao esforço dedicado as mesmas ao pensar em baixos custos de oportunidade.

Visão prática

Para podermos observar na prática como aplicar o LNO em nosso cotidiano, precisamos reforçar que ele permite que os PMs e POs classifiquem e atuem adequadamente nas tarefas que atingem a lista de tarefas como Leverage (Alavancagem), Neutral (Neutra) ou Overhead (Sobrecarga). Como Shreyas repassou no passado:

Framework e suas subdivisões divulgada pelo próprio Shreyas via Twitter.

As formas de classificam de tarefas, em detalhes, podem ser conferidas abaixo.

Leverage (Alavancagem)

Tarefas nos quais o PM/PO ou outros precisam dar mais ênfase, uma vez que são os aspectos em que pretendemos empenhar nossos esforços da melhor forma possível, visando produzir um trabalho assertivo.

Em tradução livre, a “alavancagem” nada mais é do que as oportunidades que a equipe de negócios busca de forma consistente durante toda a jornada de produto. Por conta disso, é de extrema importância nossa atenção em tarefas classificadas dessa forma.

Aqui estão as iniciativas que moverão indicadores cruciais de nosso business, trazendo os resultados mais significativos: As tarefas de alavancagem são aquelas que aumentam em 10 vezes o seu impacto.

Neutral (Neutra)

Por definição, as tarefas neutras estarão em maior quantidade e não serão tão urgentes quanto na classificação anterior. Embora importantes, elas produzirão resultados mornos em relação a geração de valor ao cliente. As tarefas são necessárias, mas seu impacto deve ser medido em centímetros, e não em quilômetros.

Aqui encontra-se o primeiro desafio: muitos PMs e POs possuem listas de tarefas cheios do que poderíamos classificar como “Neutras”, impedindo-os de realizarem tarefas verdadeiramente estratégicas.

Faça um bom trabalho, mas não dedique tempo e esforços desnecessários aqui, sua atenção absoluta será necessária em tarefas de “alavancagem”.

Overhead (Sobrecarga)

O termo refere-se a despesas comerciais contínuas não atribuídas diretamente à criação de um produto ou serviço: tarefas sem impacto direto na lista de todo PM/PO. Ou seja, devem ser as que ocupam a menor prioridade dentre os diferentes tipos de tarefas.

Como visualizar o framework?

Para termos uma visão de como levar em consideração essas classificações, é necessário utilizá-lo para revisar nossa lista de tarefas e alocação de tempo. Shreyas compartilhou listas de tarefas pré e pós-LNO em sua thread original via Twitter:

Dessa forma podemos buscar dedicar menos tempo em atividades que geram sobrecarga e usar esse tempo reaproveitado para iniciativas que vão dar ênfase em alavancas de negócios propriamente ditas.

No longo prazo, segundo o próprio Shreyas, esta simples mudança da mais destaques aos PMs e POs, de modo que eles têm um impacto maior nos negócios em si. Assim podemos ter uma visibilidade ordenada do que podemos e, mais do que isso, do que é mais relevante fazermos em nosso cotidiano.

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