O que bancos realmente fazem quando ninguém está olhando?
A maioria ainda está ocupada tentando transformar sistemas legados em apps modernos. O Itaú, enquanto isso, está colocando cientistas de dados, físicos quânticos, neurocientistas e engenheiros de IA para trabalhar em um instituto próprio de pesquisa.
E não estou falando de um laboratório de inovação com puffs coloridos.
Estou falando de pesquisa científica real, com 50 projetos ativos, parcerias com MIT e Stanford e investimento em áreas que a maioria dos bancos nem ousa explorar, como neurociência e computação quântica.
O Instituto de Ciência e Tecnologia Itaú (ICTi) é o tipo de iniciativa que raramente sai do papel no Brasil. E quando sai, vira benchmark.
Por que o Itaú criou um instituto de ciência?
Porque transformar o app do banco não é suficiente.
O setor financeiro vive uma corrida tecnológica que não dá trégua. Fintechs, Big Techs e IA generativa estão reorganizando os fluxos de dinheiro, os modelos de crédito, os investimentos, a experiência do cliente e até a lógica de confiança entre pessoas e instituições.
O ICTi é a resposta estratégica do Itaú a esse cenário. Mas com um detalhe importante: não é um projeto de curto prazo. É uma estrutura pensada para dar ao banco acesso contínuo à pesquisa de ponta, e ao Brasil, um lugar na mesa da inovação financeira global.
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As cinco apostas tecnológicas do ICTi
A escolha dos pilares de pesquisa revela muito sobre a visão de futuro do banco. Enquanto outras instituições focam em IA e automação, o ICTi aposta em uma combinação mais ambiciosa:
Inteligência Artificial
Com 37 dos 50 projetos focados em IA, o instituto está investindo pesado em LLMs, personalização, detecção de fraudes e analytics. Um dos primeiros entregáveis foi o Aroeira, um dos maiores datasets já criados em português para treinar modelos de linguagem.Computação Quântica
Aposta de longo prazo, com 13 projetos focados em algoritmos para portfólios, criptografia pós-quântica e análise de risco. Enquanto os resultados ainda estão longe de escalar, o Itaú quer estar pronto quando o futuro chegar.Realidade Estendida (XR)
Ainda em estágio exploratório, mas com aplicações promissoras em visualização de dados, atendimento virtual e treinamento.Neurociências
Um dos diferenciais mais ousados do ICTi. O objetivo? Entender o comportamento financeiro humano, melhorar a educação financeira e desenhar interfaces que aliviem a carga cognitiva do usuário.Robótica
Desde automação de processos até a interação humano-máquina em agências e backoffice.
A máquina de parcerias do Itaú
O ICTi não opera sozinho. Ele funciona como um hub acadêmico, conectado a polos globais de excelência.
MIT (CSAIL): foca em IA generativa e detecção de fraudes.
Stanford (HAI): pesquisa IA centrada no ser humano, ética e interfaces.
USP (Centro de Ciência de Dados): sede administrativa e ponte com talentos locais.
UFG e outras universidades: ampliam a rede de colaboração científica no Brasil.
O modelo é sofisticado: cada parceria é estruturada com base no nível de maturidade da tecnologia, tipo de propriedade intelectual e potencial de aplicação.
Resultados já começaram a aparecer?
Sim, e rápido. O primeiro resultado público foi o lançamento do Aroeira, um corpus com 100GB de dados em português licenciado para pesquisa, que posiciona o instituto como referência em PLN no país.
Mas o verdadeiro valor ainda está sendo gestado. A maioria dos projetos está em estágio inicial. A expectativa é que os próximos 18 a 36 meses revelem mais publicações, protótipos, patentes e integrações.
O que o ICTi pode mudar?
No Itaú, o ICTi pode:
Criar novas soluções baseadas em IA antes dos concorrentes.
Atrair talentos globais e formar os melhores do país.
Reduzir riscos ao antecipar cenários como o fim da criptografia atual.
Explorar oportunidades que hoje nem existem.
No setor financeiro brasileiro, pode:
Elevar o padrão de P&D.
Inspirar outros bancos e fintechs a investir mais pesado em ciência.
Formar uma nova geração de talentos com experiência aplicada em tecnologias emergentes.
E no Brasil, pode:
Fortalecer a ponte universidade-empresa.
Gerar ativos públicos como datasets e conhecimento técnico.
Posicionar o país como player relevante em IA, quântica e neuroeconomia.
Mas tem um desafio que ninguém fala
Nenhuma dessas tecnologias muda o jogo se não for integrada ao negócio.
Traduzir pesquisa em produto é onde a maioria das empresas falha. Não basta gerar conhecimento, é preciso absorver, aplicar, escalar e fazer isso sem comprometer a segurança, a ética ou a experiência do cliente.
Esse será o verdadeiro teste para o ICTi: transformar ciência em impacto real.
E se conseguir, o Instituto não vai só mudar o Itaú. Vai mudar o mercado.
Participei de um workshop na Semana de Produtos do Itau com o time de ICTi. É impressionante a segurança e a facilidade com que o Roberto Frossard e o restante do time fala sobre o uso de IA em cenários de negócios.
Acredito ser uma grande aposta que vai dar muito certo!
Você tocou no ponto mais crítico no final: transformar pesquisa em produto.
"Labs de inovação" correm o risco de virar museus de protótipo.
Talvez, o diferencial vai estar na capacidade do Itaú de criar pontes reais entre os pesquisadores do ICTi e as equipes de produto/negócio. Pois de pouco adianta ter os melhores PhDs do mundo se eles não conseguem traduzir descobertas em features que o cliente vai usar.
Será interessante acompanhar se eles vão conseguir manter o rigor científico sem perder a agilidade necessária para competir com fintechs.
A aposta é ousada.