O lado sombrio do Twitter: os bastidores contados por uma ex diretora de produtos
O Twitter parecia muitas vezes isolado e burocrático. Jogos de poder idiotas, reorganizações e mudanças de nome de equipe em nome do ego de alguém eram distrações que ocorriam com muita frequência.
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🔑 Pontos-chaves
A política interna e a burocracia podem dificultar a produtividade e o crescimento em uma organização.
Mudanças de liderança podem ter impactos profundos na cultura e operações de uma organização.
Lidar com desafios e pressões pode levar ao crescimento pessoal e profissional, mas também pode criar um ambiente de trabalho estressante.
Mesmo em meio à adversidade, há sempre espaço para otimismo e a esperança de um futuro melhor.
Esther Crawford, ex-diretora de produtos do Twitter, nos deu uma visão incomum de sua experiência na empresa. Seu relato oferece uma visão fascinante dos bastidores do mundo da tecnologia, uma jornada de amor, frustração, poder e inovação.
Um trecho do que ela falou:
As someone with a maniacal sense of urgency built into me, Twitter often felt siloed and bureaucratic. Dumb power plays, reorgs and team name changes for the sake of someone’s ego were distractions that occurred too regularly.
Traduzindo:
Como alguém com um senso de urgência incorporado em mim, o Twitter parecia muitas vezes isolado e burocrático. Jogos de poder idiotas, reorganizações e mudanças de nome de equipe em nome do ego de alguém eram distrações que ocorriam com muita frequência.
Crawford descreve o Twitter como uma empresa que, por dentro, era "tanto incrível quanto terrível", uma representação quase universal de empresas e situações da vida. Ela fala de sua sensação de urgência maníaca e como isso contrastava com a realidade burocrática e siloada que encontrou no Twitter.
Mencionou que as disputas de poder, as reestruturações e as mudanças de nomes de equipes pareciam ser mais uma massagem para os egos do que qualquer coisa prática. E isso foi apenas a ponta do iceberg.
As infraestruturas do Twitter eram antigas e personalizadas, e pouco foi feito para olhar além dos ganhos trimestrais. Crawford se surpreendeu com a aceitação de que pequenas mudanças no produto poderiam levar meses ou trimestres para serem implementadas. Parecia que as coisas eram seguradas por fita adesiva e cola.
Os esforços para construir recursos muitas vezes eram frustrados no último minuto por serem considerados muito arriscados. Tentar falar diretamente com os clientes poderia se transformar em uma guerra por territórios e criar impasses entre as funções. Ela se lembra de um episódio em que um colega passou um mês tentando obter permissão para entrar em contato com alguns criadores, um processo que envolveu 3 camadas de gerência e 6 equipes funcionais diferentes. Quatro executivos acabaram se envolvendo na aprovação - um processo que Crawford descreve como "insanidade".
A cultura da empresa era repleta de gerentes inchados e poucos recursos para lidar com o baixo desempenho. Em vez disso, esses funcionários eram apenas transferidos para outras equipes. Crawford viu isso como um lastro para a cultura de alto desempenho, que deveria elevar todos a um padrão mais alto.
Apesar dessas questões, Crawford também destaca que teve a sorte de trabalhar com algumas das pessoas mais talentosas do setor. As equipes pequenas e interfuncionais que desafiavam suposições centrais eram as que mais impactavam e eram as mais divertidas de se fazer parte.
Os meses que antecederam o fechamento do negócio em 2022 foram especialmente lentos e dolorosos. A liderança se escondia atrás de advogados e linguagem legalista, muitas vezes mencionando o dever fiduciário. Crawford cita que os colegas de trabalho falavam abertamente sobre como o Twitter estava sendo vendido porque a liderança não tinha convicção em seu próprio plano ou habilidade para corrigir problemas de longa data.
Assim como em muitas organizações, os funcionários são constantemente bombardeados com a realidade de que a hierarquia e a política interna desempenham um papel enorme no progresso e no sucesso. Dentro do Twitter, como Crawford menciona, os trabalhadores se tornavam praticamente políticos. Os inúmeros episódios de espera e batalhas territoriais internas pareciam consumir mais energia do que o trabalho produtivo.
Nas palavras de Crawford, "Times podiam passar meses construindo um recurso e depois algum imprevisto de última hora significava que ele seria cancelado por ser muito arriscado." Essa abordagem da gestão, longe de ser eficiente e produtiva, muitas vezes resultava em perda de tempo, esforço e moral. No entanto, estas são questões que podem ser encontradas em muitas organizações.
O lado humano da questão é ainda mais interessante. Crawford nos leva para dentro do coração da vida profissional sob a liderança de Elon Musk, e sua visão é tanto reveladora quanto alarmante. A cultura de trabalho intensa, a imprevisibilidade do humor de Musk e o medo constante de demissão criaram um ambiente de trabalho repleto de ansiedade e incerteza. Contudo, há um aspecto quase admirável na franqueza e na disposição de Crawford para enfrentar esse ambiente.
A ênfase de Musk na velocidade e sua abordagem audaz de "destruir para reconstruir" trouxeram mudanças drásticas ao Twitter. Crawford observa que, apesar de suas frustrações com a abordagem de Musk, ela não pode negar sua inteligência, paixão e capacidade de contar histórias. No entanto, seu desprezo por processos e a falta de empatia deixaram a desejar.
Crawford descreve a experiência de trabalhar em uma cultura de alta intensidade e alta pressão como "jogar a vida no Nível 10 no Modo Difícil". Ela reconhece que a sociedade tende à polarização, mas prefere se ver como uma "otimista pragmática". Ela se recusa a ser enquadrada em uma posição radical de amar ou odiar cada mudança que ocorreu no Twitter sob a liderança de Musk.
Apesar de todos os desafios e obstáculos, Crawford ainda vê a possibilidade de algo novo e inovador emergir do caos. Ela mantém uma atitude esperançosa e pragmática sobre o futuro da empresa e dos funcionários que ainda estão trabalhando arduamente para manter as coisas funcionando. Crawford também expressa compaixão pelos funcionários, anunciantes e usuários que foram pegos no meio da mudança tumultuada.
Depois de toda a experiência, Crawford foi demitida, um acontecimento que ela descreve como o "melhor presente" que já recebeu. A demissão lhe deu a oportunidade de relaxar, refletir e preparar-se para o próximo desafio.
Com base nisso, Crawford nos lembra que nem sempre o trabalho deve ser o foco principal de nossas vidas. Há um mundo além do escritório ou do ambiente de trabalho, um mundo que oferece experiências e conexões humanas profundas que não devem ser negligenciadas em busca de sucesso e riqueza. Isso é algo que todos nós, independentemente de nossa posição ou indústria, devemos levar em consideração.
Link do Tweet original da Esther:
https://twitter.com/esthercrawford/status/1684291048682684416?s=46&t=gzElGgvXPRRYyf2BPkh6pg
🎧Ouça o episódio com mais detalhes e opiniões de especialistas da nossa área sobre o relato da Esther:
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