O que o Brasil não pode ensinar ao México (e vice-versa)?
Durante sua participação no Bartenders, o podcast da Barte apresentado por Rapha Dyxklay, Rogério Barreira, atual presidente do McDonald’s no Brasil, relembrou um dos momentos mais desafiadores da sua carreira: quando foi enviado para liderar as operações da rede no México, Panamá e Costa Rica.
Depois de décadas atuando no mercado brasileiro, ele teve que reaprender a liderar, escutar e adaptar. O Brasil, percebeu rápido, não pode ensinar tudo ao México. E vice-versa.
Abaixo, os principais aprendizados dessa transição e por que entender o limite da sua própria experiência é o que separa líderes operacionais de líderes verdadeiramente globais.
Escutar primeiro não é qualidade. É requisito
Ele contou que muitos executivos falharam antes dele porque tentaram fazer o óbvio: replicar o que funcionava nos seus países. Quando chegou, ouviu as histórias. Ninguém escutava primeiro. Todo mundo chegava ensinando.
Ele decidiu fazer diferente. Escutou.
E aí percebeu que o México não precisava de um plano brasileiro. Precisava de alguém que estivesse disposto a entender a lógica local antes de decidir qualquer coisa.
O prato precisa ser finalizado na mesa
O mexicano quer participar do preparo, mesmo dentro do restaurante. Colocar molho no taco. Ajustar a pimenta. Modificar o que vem pronto. Isso também se aplica ao hambúrguer.
Lá, o Big Mac vira plataforma. Jalapeño dentro, molho especial fora. No salão, os condimentos estão disponíveis. Porque o cliente espera isso.
No Brasil, agilidade. No México, envolvimento. São experiências diferentes. Não adianta forçar padrão.
O maior concorrente não era outra rede. Era o taco de rua
Custa 25 pesos. É barato, acessível, simbólico. Tentar concorrer com isso vendendo hambúrguer caro não faz sentido.
Foi por isso que ele criou a estratégia 3x3: três produtos, três preços, três tamanhos. Um jeito de competir sem perder identidade. Sem copiar. Sem brigar por algo que nunca foi do McDonald’s.
Adaptar sem se apagar
Ele não levou o modelo do Brasil. Levou a escuta. A vontade de entender. A capacidade de construir com os times locais.
Ajustou cardápio, campanha, preço. Mas fez isso com os olhos voltados para o que o consumidor mexicano valorizava. Não pelo que ele conhecia de outros mercados.
A bagagem que voltou com ele
Depois de seis anos fora, voltou ao Brasil em plena pandemia. Sem cargo de presidente. Deu um passo atrás.
Voltou feliz. Trouxe a escuta. Trouxe a calma. Trouxe o entendimento de que nem tudo que funciona aqui funciona lá. E nem tudo que funciona lá precisa ser exportado.
Tem coisa que só se aprende errando menos. Tem coisa que só se aprende morando fora. O Brasil não pode ensinar o México a ser o Brasil. O México não precisa ensinar o Brasil a ser o México.
Mas dá pra sair de um lugar com mais clareza sobre os dois. E isso já muda tudo.
Ouça o episódio completo do primeiro episódio do podcast Bartenders aqui:
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