O Rio Innovation Week, maior evento de tecnologia e inovação da América Latina, ocupou o Píer Mauá com uma programação intensa em seus 40 palcos.
A convite dos nossos parceiros da RecargaPay, estivemos lá para absorver as tendências. E embora a pauta fosse a inovação, os insights mais poderosos não vieram de discussões sobre algoritmos, mas sim de conversas profundas sobre a variável mais complexa e decisiva de todas: o fator humano.
Essa percepção ficou evidente nesta terça-feira com um anúncio que foi além do esporte, oferecendo uma lição sobre estratégia, limites e o verdadeiro significado de sucesso.
A Lição da Performance: Entendendo os Limites e o Sucesso Real
A ginasta Rebeca Andrade, maior medalhista olímpica da história do Brasil, anunciou sua despedida da prova de solo. A decisão, motivada pela necessidade de preservar a saúde após cinco cirurgias no joelho, foi uma aula sobre sustentabilidade na alta performance.
“O solo é o aparelho que mais causa impacto. Eu sou uma atleta de 26 anos, com histórico de cinco cirurgias no joelho. Quando a gente entende nossos limites, é muito importante respeitá-los”, explicou Rebeca, que depois resumiu sua filosofia de sucesso: "Chegar em casa, olhar no espelho, e ver que sou alguém além dos resultados que conquistei é a questão principal."
Para líderes de produto, a analogia é poderosa e imediata. É sobre ter a coragem de descontinuar uma feature popular, mas que compromete a saúde do sistema a longo prazo.
É sobre entender que a performance de um time não se mede apenas pelas métricas do último lançamento, mas pela sua capacidade de continuar entregando com qualidade no futuro, sem levar a equipe ao burnout.
A sabedoria de Rebeca nos prepara para o próximo debate: a gestão da nossa mente.
Alta Performance Real: O poder emocional que transforma dias decisivos
Após a lição sobre os limites do corpo, o painel mais aguardado uniu Daniel Goleman e Marcelo Gleiser para discutir o "software" da performance. Para líderes de produto, foi um mergulho profundo no sistema operacional das equipes.
1. A Fronteira da IA: Onde a Lógica: Termina e a Emoção Começa O ponto de partida de Goleman foi demarcar o campo de jogo: "A inteligência artificial é um programa de computador, não tem emoções", afirmou. Para um líder, a distinção é crucial. A IA otimiza o funil, mas não sente a frustração do usuário. A gestão desse universo emocional continua sendo uma tarefa exclusivamente humana.
2. Os 3 níveis de empatia e o "Bug" da IA: Goleman desdobrou a empatia em três tipos, mostrando onde a tecnologia falha:
Empatia Cognitiva: Entender a perspectiva do outro. A IA é "brilhante" nisso.
Empatia Emocional: Sentir o que o outro sente. Aqui, a IA "reprovaria".
Preocupação Empática: O que nos move a ajudar. É a base da motivação intrínseca de um time.
3. 'Flow': A engenharia emocional da produtividade máxima: Goleman revisitou o conceito de "flow" como um momento de "esquecimento de si mesmo".
O insight é que o "flow" não acontece por acaso. Emerge em ambientes de alta confiança, e o papel do líder é ser o engenheiro emocional que remove o atrito e garante a segurança psicológica para o time focar na solução.
4. A virada do mercado: O ROI das Soft Skills: O ponto mais pragmático foi o dado de mercado citado por Goleman: uma pesquisa indica uma queda de 40% na demanda por "hard skills" em posições de liderança, contra um aumento de 30% na procura por "soft skills".
O recado é claro: sua habilidade de gerenciar pessoas está se tornando mais valiosa do que sua habilidade de gerenciar um backlog.
A Lição do impacto: A responsabilidade individual em um grande sistema
Completando o tripé de insights, o tetracampeão de F1 Sebastian Vettel falou sobre seu ativismo pelo meio ambiente, reforçando como a ação individual pode gerar impacto positivo em um sistema complexo. Para quem constrói produtos usados por milhares de pessoas, a mensagem é um chamado à responsabilidade sobre as decisões que tomamos e seus efeitos em cadeia.
Vamos refletir…
O Rio Innovation Week 2025, um evento pautado pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, nos deixou uma lição clara, onde a verdadeira inovação transcende a tecnologia.
Começamos com Rebeca Andrade nos ensinando sobre a sabedoria de respeitar os limites físicos para garantir a longevidade. Em seguida, Daniel Goleman nos mostrou como a gestão da nossa inteligência emocional é a chave para a performance coletiva. Por fim, Sebastian Vettel nos lembrou da nossa responsabilidade ética sobre o impacto de nossas ações.
Fica evidente que os melhores produtos não são construídos apenas com rituais ágeis, mas com times que confiam uns nos outros, guiados por líderes que entendem de pessoas, não apenas de processos.
Em um mundo cada vez mais automatizado, investir na nossa humanidade não é apenas uma vantagem competitiva, é a única estratégia que resta.