Qual o principal investimento de um PM?
Dentro de um contexto tão dinâmico quanto o de produtos, onde devemos investir nossas fichas?
Que os salários médios de um Product Manager e Product Owner são maiores do que a média nacional já é um fato já bem conhecido (o salário média de um PM é de R$ 13.295,11 segundo levantamento da PM3, enquanto o salário minímo nacional é de R$ 1.320,00).
Mas, ao ocupar uma posição como essa, qual deveria ser o principal investimento a ser considerado por esse profissional?
Calma, não vou buscar vender algum curso em específico a partir dessa premissa. Tampouco ressaltar algum fundo de investimento específico para investimentos financeiros com taxas especiais para PMs e POs.
O objetivo deste artigo é apenas questionar quais seriam as formas mais eficazes e estratégicas de investir (se possível) o suado dinheirinho que ganhamos ao final de um mês em nossas posições de trabalho.
Dando um pouco mais de contexto, a ideia desse texto surgiu depois de uma live organizada pelo próprio Product Guru’s sobre Gestão da Mudança Na Área de Produtos, conduzida pela Thays Bueno, Head de Produto e Design na Raízen.
Aproveitando até detalhes dos temas abordados no evento, conversamos sobre como no mundo veloz dos produtos, a gestão da mudança não é só um conceito chique – é a realidade diária. E para quem está literalmente no olho do furacão, saber jogar com essa instabilidade é a diferença entre ficar pra trás ou sair na frente.
Divulgação da live realizada no dia 22/11 com Thays Bueno.
Após o evento ter sido concluído, aproveitei alguns (muitos) minutos do tempo da Thays para aprofundar alguns dos tópicos exibidos durante a live.
E dentro os assuntos abordados, falamos justamente sobre o desconhecimento dos produteiros ao tratar suas próprias carreiras profissionais como um produto.
Imaginando que você, profissional, tem um conjunto de habilidades que deve ser constantemente avaliadas mensuradas, e efetivamente aprimoradas.
E dentro desse contexto, como podemos praticar essa visão no nosso próprio dia a dia de trabalho?
Gestão financeira
Aplicando essa visão em relação a gestão financeira cotidiana, fica claro que investimentos nas mais diversas áreas são de suma importância: saúde é imprescindível, entretenimento é importante, gastos com perfil patrimonial e de investimentos são estratégicos, etc.
Veja bem, os comentários referentes aos gastos pessoais de qualquer pessoa são extremamente delicados.
Cada indíviduo tem um contexto específico que nem sempre permite realizar gastos a bel prazer, mesmo com um salário muitas vezes superior como no caso dos profissionais relacionados a tecnologia.
Entretanto, não é de se estranhar vermos pessoas de nosso entorno gastando com bens materiais, mas deixando de investir no seu principal ativo: nós mesmos.
E afinal, como (e porque) devemos realizar esse investimento?
Corra, Lola, Corra
Uma carreira profissional deve ser encarada como uma maratona, e não como uma sprint.
Ou seja, é mais importante estarmos constantemente aptos a aprender sobre diferentes temas e pautas, nos mantendo devidamente atualizados, do que dedicar apenas um período específico de nossas vidas para realizarmos todos os cursos e treinamentos possíveis, e depois nos acomodarmos.
Estamos na sociedade do conhecimento: uma economia de serviços, e não mais industrial. Sendo assim, o profissional PM/PO (que basicamente presta um serviço) precisa estar atualizado e constantemente inteirado.
Nesse sentido, a atuação de um PM/PO se dá pela capacidade do mesmo de pensar em soluções que irão efetivamente alterar indicadores de negócio. Não é um trabalho que efetivamente tem “começo”, “meio” e “fim”: é uma atividade contínua que precisa ser constantemente aperfeiçoada.
Aqui cabe uma analogia com a profissão do médico: muitas vezes ele pode se deparar com um paciente recorrente, que deve ser monitorado e observado para que esteja diagnosticado e tratado, algo semelhante acontece com a gestão de um produto.
Não existe um momento em que a gestão de produto “acabe” (a não ser que o mesmo seja descontinuado): precisamos observar sintomas de forma contínua, de modo e identificar melhorias e correções.
E, nesse sentido, parte da capacitação desses profissionais da saúde (como congressos médicos, produção de artigos cientificos etc) pode ser readequada para os PMs e POs no formato de cursos e atualizações, com o objetivo de manter os profissionais por dentro de temas relevantes.
Sendo assim, a dica é: invista em você, invista em seu conhecimento.
Obsessão pelo cliente
Um dos princípios mais famosos da Amazon é a obsessão pelo cliente: esse valor vai de encontro a missão da empresa em se tornar a mais centrada no cliente do planeta.
De forma prática, podemos observar seu detalhamento no site oficial da companhia.
Customer Obsession
”Leaders start with the customer and work backwards. They work vigorously to earn and keep customer trust. Although leaders pay attention to competitors, they obsess over customers.”
- Um dos princípios de liderança praticados pela Amazon.
No papel isso é lindo: um valor crucial que mostra o quão importante é estar próximo do Genba (termo japonês emprestado do Kanban que significa literalmente “local real” ou “lugar verdadeiro”), ou seja, o local onde efetivamente a proposta de valor é ralizada.
Na prática, isso significa estar constantemente ávido por informações que possam de alguma forma impactar o cliente. Significa estar constantemente próximo dos principais indicadores que os cercam, as tendências com maior destaque no mercado e a testes variados visando sempre alterar determinada alavanca para gerar maior valor.
Para isso, é necessário estar também constantemente ligado no mercado, entendendo o cenário macro e micro do segmento em questão e entender como criar sinapses entre diferentes fontes de informação com o mesmo objetivo.
Arrisco a dizer que, para atender a esse objetivo, é necessário ter um outro tipo de obsessão: a voltada para a própria carreira e formação profissional.
É importante reforçar que a ideia aqui não é promover o FOMO (Fear Of Mising Out) ou glorificar a cultura do burnout: como foi reforçado anteriormente, é de suma importância termos tempo e investimentos destinados a saúde física, mental e espiritual.
Isso tendo sido dito, ainda assim é relevante, para uma carreira bem consolidada de produto, estar desconfortável em relação a nossa própria posição.
Não é incomum observarmos cursos e mais cursos promovendo a transição de carreira para a área de produtos digitais, destacando os salários oferecidos (e cá entre nós, muitas vezes fora da realidade) e a projeção da profissão.
Entretanto, não possuem tanto destaque cursos de capacitação profissional voltados a aqueles que já são da área. Não me entenda mal, eles ainda existem (e aos montes), mas a proporção e a busca por interesse dos mesmos parecem estar em um patamar diferente.
Ou seja, parece que existe um esforço maior para “migrar” para a área do que se manter nela.
Se você está confortável, você não está crescendo
Vou compartilhar um processo que uso com frequência durante a redação de alguns artigos, como esse mesmo que você está lendo no momento.
Depois de um processo que leva em torno de uma a duas semanas, crio uma versão inicial deste texto “bruto”, sem aparar arestas ou revisar a questões relacionadas à gramática.
Depois de deixar “o texto dormindo” por pelo menos um dia, costumo revisá-lo para depois compartilhar com algumas pessoas de confiança em busca de feedbacks tanto em relação ao conteúdo em si quanto em relação a possíveis inconsistências que deixei escapar.
Isso porque, apesar da prática poder levar a melhores resultados, corro o risco de ficar com o “olhar viciado”. Ou seja, estar tão acostumado com determinado contexto que a identificação de novos padrões e inconsistência se tornam mais dificeis de ser identificadas.
Com a nossa carreira profissional algo semelhante pode ser algumas vezes observado: enquanto exercemos certo papel e funções, ficamos “viciados” em determinados comportamentos e padrões.
Se a prática pode levar à perfeição, o estudo leva a transformação: e essa é uma das formas que podem ajudar aos profissionais a olharem para novos horizontes e evitar que fiquem em sua“zona de conforto”.
Cenário de mercado
Não é segredo que muitas movimentações de mercado vem acontecendo, seja pelo movimento natural de deflação em relação a contratação de diversos profissionais relacionados a área de tecnologia durante a pandemia, seja pelo aprimoramento (ainda recente) da inteligência artificial.
Dentro desse contexto, é cada vez mais comum observarmos funções sendo “empilhadas” em um mesmo profissional: Ter profundidade em 2 ou 3 verticais trás mais abrangência na área de atuação em questão, e pode tornar o responsável apto em relação a uma dinamismo cada vez mais exigido pelo mercado.
E volto a reforçar: o julgamento aqui não é sobre esse cenário ser “bom” ou “ruim”, é apenas uma leitura do que estamos observando de forma factual.
Outro ponto que a ampliação de áreas de atuação pode ajudar é no dinamismo em relação as “trucadas” da gestão: se for questionado sobre temas que não são necessariamente de sua atuação profissional até então, como responder a essas questões?
Trazendo um exemplo prático: Estudo de Dados. Empresas estão “socando” especialidades nos profissionais para que eles se especializem. Não basta apenas contratar especialistas, é necessário desenhar a estratégia e saber quem contratar para determinadas funções.
Os investimentos citados na educação profissional não precisam ser só em áreas relacionadas a produtos,uma vez que outras especialidade podem agregar de diferentes formas (estímulo da criatividade, pro exemplo: criar sinapses à partir de diferentes contextos).
Tentando condensar tudo que foi exibido até aqui: para sermos relevantes, é necessário investirmos em nós mesmos.
Para nos mantemos dessa forma, é preciso continuar com comportamentos semelhantes.
Você é o seu produto e sua marca; você é o responsável por manter a sua marca atrativa, acompanhando as tendências de mercado.
Como distinguir cursos rasos dos que são bem embasados
Se você se sentiu instigado a passar a estudar (ou a continuar a estudar), separamos alguns direcionamentos que podem ser úteis antes da escolha de um curso em específico.
Isso porque, além de alinhamentos internos que devemos ter com base em nossa trajetória profissional, o que não faltam são cursos online que podem não corresponder as nossas expectativas.
Definição clara de objetivo
Vai começar a estudar? Ótimo! Qual seu objetivo em relação ao estudo? Você pretende reforçar uma área de conhecimento que já tem familiaridade, ou cobrir algum gap? Dentro de seu plano de carreira, como determinada habilidade/conhecimento irá ajudar nos próximos passos?
Perfil
Que tipo de curso você tem em mente? Mentoria, ou aula em grupo? Presencial ou Online? Assíncrono ou ao vivo? Etc.
Faça uma avaliação da forma como você prefere efetivamente interagir para alinhar expectativas.
Tempo de duração/densidade do tema
Se temos um tempo relativamente livre, talvez cursos de maior duração e mais “densos” podem ser ideais. Mas se tenho uma rotina um tanto quanto conturbada, talvez poucas horas por semana sejam suficientes para alcançar (ou dar o primeiro passo) para atender ao seu objetivo.
Perguntar para pessoas da área especialistas
Quer se aventurar em uma área que não é de seu conhecimento, mas não sabe se determinado curso é interessante? Pergunte para pessoas de confiança ao seu redor para tirar alguns insights. Seja um cientista de dados, um Techlead, alguém da equipe responsável por CRM etc.
Interaja com pessoas que detém o conhecimento que você busca obter (até como chance de se familiarizar melhor e construir pontes).
Avaliações públicas
Busque por respaldo na própria internet: Seja no site Reclame Aqui ou na própria ferramenta de avaliação do curso em questão (que muitas vezes estão disponíveis na própria plataforma de acesso), busque por depoimentos e dados sobre determinado curso.
O LinkedIn também pode ser de ótima ajuda aqui, visando identificar mais informações sobre quem ministrará o curso e o que seus formandos falam sobre ele.
Roadmap da sua própria carreira
Esse é um item já mencionado anteriormente, mas que aqui é reforçado: identifique quais serão os pontos positivos que determinado curso trará para sua trajetória profissional.
Se em 3 anos sua expectativa é ascender a uma posição de liderança, por exemplo, entenda quais tipos de filosofias de gestão fazem sentido ser estudados.
Se o curso será mais técnico, busque identificar como incorporar determinados conhecimentos eu seu cotidiano, etc.
Recomendação de cursos para profissionalização
Essas são apenas algumas das instituições de estudo que já tem experiência na área de produto, e podem ser um ponto de partida (ou continuação) para aqueles que sejam efetivamente aperfeiçoar as próprias carreiras profissionais.
Reforge - https://www.reforge.com/
Uma plataforma gringa que trás um nível de detalhamento bem interessante para temas voltados ao uso de dados.
PunkMetrics - https://punkmetrics.com/
Trazem visões interessantes atreladas a Product Analytics para profissionais de produto, UX e Growth.
Tera - https://somostera.com/
Uma das plataformas mais populares em relação ao início de carreira em produto e profissionalização em diferentes frentes, pode ser um excelente ponto de partida.
PM3 - https://www.cursospm3.com.br/
Também uma das mais famosas no cenário de produto a nível nacional, a PM3 traz diferentes especializações voltadas ao profissional de Produto.Preditiva escola de dados - https://www.preditiva.ai/
Com ênfase específica a análise de dados, a Preditiva tem como foco o profissional Analista de Dados e Cientista de Dados.
Produtos Incríveis - https://produtosincriveis.co/
Voltado para profissionais da área de Produto, o Produtos Incríveis promove opções para diferentes graus de especialização.
Mergo - https://www.mergo.com.br/
Mais voltado a áreas relacionadas ao design, a Mergo trás especializações desde migração para UX como Product Design, UX Research e UX Writing.
Awari - https://awari.com.br/
Startup brasileira do segmento de educação digital, atua como edtech desde 2018 e trás cursos diversos (desde Design, Marketing, Dados, Programação etc).
Métricas Boss - https://metricasboss.com.br/
Voltado a dados, o métrica Boss tem perfil consultivo para organizações e tem como carros chefe cursos voltados ao GA4 e avaliação de métricas de diferentes redes sociais.
Ponto importante: esses são só alguns dos cursos com os quais eu e/ou a Thays já tivemos experiência, e existem diversas outras organizações de renome que poderiam ser incluídas aqui com tranquilidade.
O objetivo dessa texto é principalmente provocar uma reflexão em relação ao principal investimento na carreira de um PM: ela (ou ele) mesmos.
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