Uma perspectiva sincera sobre a Síndrome do Impostor dentro da carreira de Product Manager
A pressão de ser o melhor Product Manager do mundo, sempre!
Olá querido leitor, eu sou a Isadora Pires e neste dia 31/01 quero - ainda - te desejar Feliz 2024!
Mais um ano se inicia e a perspectiva de novos desafios bate à nossa porta (para algumas pessoas os novos desafios já se sentaram à mesa do café), sendo assim, é tempo de pensar em tudo que fizemos até aqui.
É um excelente momento para entender se os nossos objetivos continuam os mesmos e para nos adaptarmos aos novos desafios da melhor maneira possível!
Com isso eu gostaria de trazer hoje um assunto muito falado, mas que poucos trazem para dentro do dia-a-dia do Product Manager, a Síndrome do Impostor.
E é sobre esse sentimento, que eu quero falar hoje. Vem comigo?
“Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem o seu consentimento.” - Eleanor Roosevelt
A Pressão de ser o Melhor Product Manager do Mundo
Existe uma frase que eu sempre falo para os meus amigos: “olhe para a sua trajetória com carinho e respeito, você fez o melhor que você podia, com o que tinha naquele momento” porque é o exercício que eu mais faço comigo mesma quando começo a me cobrar muito e quando aquele sentimento de incapacidade, inabilidade, insuficiência e todos os “in”, que nada mais são do que a Síndrome do Impostor batendo na porta.
Eu acredito que na minha realidade isso aconteça porque todos os dias são levantadas questões sobre a autoridade da área de produtos, a importância do Product Manager, o ego dos profissionais, a falta de experiência, o excesso de responsabilidades, as mudanças do mercado, a baixa dos salários, se a profissão vai acabar ou não, o que nos fazemos, o que devemos fazer, o que ta certo, errado e por aí vai…
Por onde começar, quais os melhores cursos, como migrar, como ser melhor, menos pior e não para por aí e não para nunca, a todo momento o Product Manager, independente do cargo, empresa ou background anterior, precisa estar atento às mudanças, ao mercado, ao valor do seu produto e da sua carreira.
Vocês eu não sei, mas eu me sinto constantemente pressionada a ser melhor, a entender sobre o assunto x do momento, a me blindar da “sutileza” do silenciamento da mulher no mundo da tecnologia, a querer mais, a pensar melhor, a desenvolver soft skills, hard skills, fazer networking…
Mas quando eu paro para respirar, percebo o quanto isso tudo é muito e como a pressão de não conseguir fazer e ser tudo isso vai gerando um sentimento de inaptidão que é muito bem nutrido por comentários negativos, egos feridos e profissionais ruins.
Pessoas que não sabem, mas acham que além de saberem precisam se meter na sua carreira, gestores mal preparados e claro o tempo, que está cada vez mais rápido e cobrando muito, isso tudo abre espaço para que a Síndrome do Impostor se apodere da mente cansada e nos faça duvidar do que somos capazes.
A Síndrome da Impostora
Segundo um artigo de 04 de Janeiro deste ano, feito pela Forbes, 75% das mulheres executivas dos EUA têm síndrome do impostor.
A síndrome do impostor, de forma bem resumida, é a construção de um pensamento sobre nós mesmos de incompetência ou insuficiência, já o termo “síndrome da impostora” foi criado em 1978 pelas psicólogas norte-americanas Pauline Clance e Suzanne Imes, da Universidade Estadual da Geórgia.
Suas pesquisas com mais de 150 mulheres mostraram que quanto mais bem-sucedidas, mais inseguras elas se sentiam, o artigo The Imposter Phenomenon in High Achieving Women: Dynamics and Therapeutic Intervention, cita que:
“O termo "fenômeno impostor" é usado para designar uma experiência interna de falsidade intelectual que parece ser particularmente prevalente e intensa entre uma amostra seleta de mulheres de alto desempenho. Certas dinâmicas familiares iniciais e posterior introdução de estereótipos sociais de papéis sexuais parecem contribuir significativamente para o desenvolvimento do fenômeno do impostor. Apesar de excelentes realizações acadêmicas e profissionais, as mulheres que vivenciam o fenômeno do impostor persistem em acreditar que realmente não são brilhantes e que enganam quem pensa o contrário. Numerosas realizações, das quais se poderia esperar que fornecessem amplas provas objetivas de um funcionamento intelectual superior, não parecem afetar a crença do impostor. São explorados quatro fatores que contribuem para a manutenção dos sentimentos de impostor ao longo do tempo. São descritas abordagens terapêuticas consideradas eficazes para ajudar as mulheres a mudar o autoconceito do impostor”
Quer ler o artigo citado nesse tema? ⚡ Acesse-o artigo The Imposter Phenomenon in High Achieving Women: Dynamics and Therapeutic Intervention
Hoje sabemos que a síndrome do impostor afeta todos os gêneros, embora possa ser mais comum entre aqueles que sofreram marginalização, reforçado do anos de historias de que as mulheres não pertencem aos espaços masculinos, que os negros, indígenas e pessoas de cor não pertencem aos espaços brancos ou que os indivíduos LGBTQIA+ não pertencem a espaços heterossexuais ou cisgêneros pode ser um fator que contribui para o desenvolvimento de pensamentos e sentimentos impostores.
A área pede urgência, nós pedimos calma
Em 2023 o G1 entrevistou, por 2 meses, várias pessoas da área da tecnologia para entender o mercado; muitos relataram a grande pressão que existe no setor e como isso tem afetado a saúde deles.
De acordo com esse levantamento os principais motivadores para esse cenário de alta pressão, são:
📆 prazos extremamente curtos para projetos;
📂 acúmulo de demandas e funções;
⚠️ responsabilidade extrema em garantir a segurança de empresas e dados sensíveis protegidos;
💼 promoção informal de trabalhadores iniciantes a cargos seniores;
👨💼 lideranças tóxicas.
“Os profissionais de cibersegurança estão enfrentando níveis insustentáveis de esgotamento mental.” — Deepti Gopal, diretor e analista do Gartner
Ter a consciência dos principais motivadores de estresse dentro da área e na função de Product Manger é o primeiro passo para desenvolver estratégias eficazes de gerenciamento dessa pressão e dos sentimentos gerados por elas, identificando esses gatilhos, nós conseguimos implementar algumas medidas preventivas para diminuir esse impacto brusco que sentimentos, reuni algumas dicas que me ajudam e podem te ajudar também:
Dê um passo para trás e olhe com carinho para a sua trajetória: entender que podemos evoluir e melhorar é importante, mas saber reconhecer que você já fez e faz muito é essencial, nada do que falem ou dos pensamentos gerados pela sua cabeça ressoem, vai alterar e tirar de você o mérito das suas conquistas, o esforço e os sacrifícios que só você sabe quais são, que te fizeram estar onde está.
Cuide da sua saúde mental de forma adequada: esses pensamentos invasores, estão, na minha opinião presentes em algum momento de nossas vidas, por isso, além de conseguir entender que não precisamos dar conta de tudo o tempo todo, aceitar que podemos controlar as nossas decisões pode ser a chama inflamatória que você precisa para tomar decisões generosas com você. Reservar aquele tempo na agenda para respirar, almoçar com os amigos, tomar um café, ir na academia, passear com o pet e ir pra terapia, são bons exemplos.
Dê a César o que é de César: não dê às pessoas uma importância maior do que elas merecem, infelizmente é raro encontrar alguém, principalmente dentro de nichos mais marginalizados, que não tenha tido um chefe tão mal preparado que proferiu palavras cruéis, colegas de trabalho que criam abismos ao invés de pontes, CEOs sem preparo que sobrecarregam os funcionários, ambientes tóxicos, pessoas com egos tão inflados que acham que são os donos da razão e de todo o conhecimento sobre Product Management…para eles devemos entender que tudo isso que eles fazem diz sobre eles e não sobre você, por isso sempre que possível, não permita que essas pessoas fertilizem o plantio da dúvida e de preferência, mantenha distância.
Nunca pare de aprender e de se desenvolver: Sócrates já dizia, que o conhecimento é o único bem e que o único mal que existe é a ignorância, por isso, se você que está lendo isso me permite um conselho, nunca pare de buscar por conhecimento, seja na área de produtos, um curso de um novo idioma, aprender sobre algo que você ainda não sabe ou não domina, claro que no seu ritmo, e sem toda essa afobação de que eu falei no começo do texto, mas o importante é que você não pare. O conhecimento leva ao aperfeiçoamento do senso crítico e isso nos ajuda na hora de filtrar o que devemos e não devemos neste mundo que não para.
Quer dicas de como vencer a Síndrome do Impostor, segundo a psicóloga Dra. Lisa Orbé-Austin, autora do livro “Assuma a Sua Grandeza: Supere a Síndrome do Impostor” ?⚡Leia esse artigo da Forbes, em que a Dra. Lisa, aborda o tema com uma visão da psicologia e dá dicas preciosas de como superar o problema
As pessoas querem ser mais produtivas do que felizes, revela uma pesquisa da Headway, de acordo com o aplicativo de autocrescimento Headway, mais de 60% das pessoas desejam ser mais produtivas e priorizam a produtividade em vez da felicidade.
Depois de tantas informações, fica fácil chegar a conclusão de que não é fácil se livrar de pensamentos impostores, mas que devemos ao menos tentar.
A nossa área exige muito no momento e me parece que ainda falta um longo caminho até script final do nosso real papel, mas espero que de alguma forma esse texto tenha te ajudado a olhar para a sua trajetória com mais gentileza e cuidado. Você não está sozinho!
Nós vemos em breve!
Isa, parabéns pela abordagem! assunto super necessário, inclusive. Acabei de passar por uma experiência bem ruim, com gente bastante despreparada pra lidar com essa incerteza que paira sob a área no momento. É importante lembrar que nenhuma experiência é individual e aprender como lidar com esse tipo de pensamento intrusivo.
É cada vez mais importante que temas como este, que envolvem o psicológico, o mental de pessoas de produtos ( e áreas tech de forma geral) sejam abordados. Essa síndrome é uma experiência cada vez mais comum precisamos entender que ela não está relacionada à nossa falta de habilidades ou competência - mas é difícil, viu. Acredito muito que a conscientização, o compartilhamento de experiências e artigos como este são passos importantíssimos para ajudar os profissionais que passam por isso. Excelente artigo! Parabéns! :)