A sujeira que ninguém vê
A sujeira de uma empresa não aparece nas paredes. Ela se acumula em processos que ninguém mais questiona, em roadmaps feitos para agradar política interna e em métricas que seguem sendo reportadas mesmo sem refletir a realidade. É um tipo de dívida que não some, só cresce.
Para quem está dentro, o efeito é imediato: você entra para gerenciar um produto e descobre que passa boa parte do tempo tentando sobreviver a sistemas quebrados. O esforço aumenta, mas o impacto diminui. A sensação é de estar sempre correndo atrás de algo que nunca chega.
Essa rotina não pesa só no trabalho. Pesa na mente. Aos poucos, vira cansaço crônico, dúvida sobre a própria capacidade e a impressão de que nada do que você faz muda de fato o rumo. É aí que a ansiedade cresce e a motivação some.
O mais cruel é como isso se normaliza. Reuniões que não levam a lugar algum, métricas vazias, decisões sem contexto. O anormal vira rotina. E quando ninguém mais enxerga a sujeira, quem paga a conta são as pessoas.
A saúde mental não desmorona de um dia para o outro. Ela vai sendo corroída aos poucos, até que os melhores talentos se esgotam ou decidem sair. O produto fica, mas as pessoas quebram.
Se você já se sentiu assim, saiba que não é fraqueza sua. É reflexo da sujeira acumulada de anos de más escolhas. O problema não está em você, está na forma como a empresa insiste em se enganar.